Marco Clemente é um homem feliz, a fazer o que mais ama





Marco Clemente é inspirador, especial. Quando saímos de perto deste homem, que criou a Physioclem, somos pessoas mais ricas. Melhores seres humanos. É alguém que escuta, não se limitando a ouvir. Os seus conselhos são sábios. É um amigo da e para a vida. Cuidador é uma das palavras que melhor o definem. No dia em que completa 40 anos, partilhamos um pouco da sua vida, dos seus sonhos e da “casa” que criou.
Tem uma forma única de dizer cada frase. A maneira como olha para o que rodeia diz-nos que só está bem quando os outros também o estão. É aqui que entram os seus quatro filhos - Maria João, Diana, Rita e Manuel - e a mulher da sua vida, Vânia Clemente. Um caminho que constrói cheio de amor. Acredita que em cada ser humano, há uma resposta poderosa.
No Universo, encontra a paz que precisa e as respostas que alimentam a sua forma de estar. O trabalho, a família numerosa, não o impedem desta procura incessante. Por isso, encontra na meditação, na leitura, na simples observação do dia-a-dia pontos essenciais para prosseguir a sua viagem. “Movem-me muito aquelas quatro pessoas pequeninas”.
“Não é fácil falar sobre mim, estou muito mais habituado a escutar os outros”. Uma resposta verdadeira, sentida. Quem conhece Marco Clemente, sabe bem que é assim. “Sou cuidador, não tenho por hábito expôr-me. Gosto de ter uma postura mais humilde. No entanto, a dinâmica que se cria, acaba por nos pôr na liderança”. Um bom líder. Os textos dos fisioterapeutas e dos pacientes que fomos partilhando, ao longo deste ano, confirmam esta afirmação.
Por mais que tente, Marco jamais conseguirá esconder-se. Na sua mente, as ideias fluem com a mesma naturalidade com que fala. “Costumo dizer que sou um idiota. Tenho sempre ideias. Umas acabo por pôr em prática, outras aguardam o momento certo, mas gosto sempre de as transmitir e partilhar. São também os desafios que me movem”.
Quando entrou na universidade, em Alcoitão, o rapaz introvertido acabou por se soltar. “As ideias surgiam e tinha de as pôr em prática. Foi então que entrei para a associação de estudantes e, depois, para a Associação Portuguesa de Fisioterapia”. 
Aos poucos, a sua paixão pelos outros foi revelando-se. No final de 2012, num momento crítico para o País, Marco Clemente, em conjunto com pessoas que queriam fazer mais pela terra, criaram o Viver Alcobaça. “Tratava-se de um grito, num momento de crise. Fazer algo diferente, não deixando que apatia tomasse conta”. As primeiras atividades estavam relacionadas com a dinamização da economia local. As pessoas eram incentivadas a comprar no comércio local.
Pelo seu dinamismo, foi atribuído ao fisioterapeuta o prémio de Cidadania, pelo jornal O Alcoa.
Marco Clemente sentia que ainda podia fazer mais pela sua terra. Surge o Alcobaça Florida. Um projeto que pretendia florir não apenas varandas, janelas e ruas, como o interior de cada cidadão. “As flores são um símbolo fantástico. Acabámos por perceber que já existiam conceitos idênticos a desenvolver-se em Portugal e no mundo. Juntámo-nos. Ainda não tem o impacto que queremos, mas acreditamos que muito neste projeto que poderá envolver toda a comunidade”.
Para o fisioterapeuta, “não faz sentido estarmos em 94º no ranking dos Países mais Felizes do Mundo, de acordo com o Relatório Mundial da Felicidade de 2016”. E partilha o pensamento: “Somos dos países mais seguros, com menor criminalidade, com um clima extraordinário, paisagens inesquecíveis, gastronomia de excelência, mar e serra. Só não somos dos mais felizes, porque nos falta florir o interior”. 
Cuidar. Sempre cuidar. “Temos de aprender a dar mais valor ao que temos de melhor e reduzir o menos bom. Uma pessoa só pode florir quando se permitir a florir a si próprio”.
Ser fisioterapeuta, é algo que está no seu ADN. Lembra-se de fazer massagens ao pai. “Gostava de tratar com as mãos, mas não tinha ideia de que profissão se poderia transformar. Um dia foi ter com a psicóloga da escola, Ana Caldeira, e partilhei esta minha paixão. Foi quando ouvi falar de fisioterapia”. 
Assim, aconteceu. É fisioterapeuta. Entrou na escola que queria, na sua primeira e única opção. “É a profissão ideal para crescer enquanto pessoa. Cuidar dos outros leva-nos a dar muito de nós. Recebemos muito. Talvez, mais até do que damos”.
Marco Clemente tem um carinho especial pelos atletas que acompanha. Por vezes, quando estão do outro lado do mundo, ou mesmo perto, há uma mensagem a dar força. “É bom sentir que o que damos ajuda. Pratico mindfulness, para que estejam focados no momento”. 
Há uns anos, durante a uma formação, assistiu a um documentário que o sensibilizou. “A forma como olhamos para o mundo faz toda a diferença. No mundo, haverá sempre guerra e paz, tristeza e alegria, ódio e amor, fome e fartura… É a livre escolha e cada um faz a sua. O mundo é perfeito, porque tem tudo para todos”.
A sua escolha: “Eu prefiro o lado mais calmo, tranquilo. Toda a leitura que faço é na descoberta desse caminho”.
Família de sangue
Os filhos são as suas pedras preciosas. O maior valor da sua vida. “Fazem parte de mim, já nem sei como era a vida antes deles. Não os amo com sentimento de posse. São quatro pessoas com quem fiz um acordo de parceria, de amor, que se deixam cuidar por mim e pela Vânia”.
Vânia Clemente. Outro dos amores da sua vida. “É a minha companheira. A mulher da minha vida. Faço 40 anos. Metade da minha vida foi ao seu lado. Somos muito diferentes, mas com muitas semelhanças pelo meio. É uma mulher muito dinâmica, uma comunicadora nata. É uma excelente mãe e cuidadora”. 
Os pais, Carlos e Rosália, são outros companheiros da sua viagem. “Tenho crescido muito ao lado do meu pai. Trabalhamos juntos e damo-nos muito bem. A minha mãe, à semelhança do meu pai, está sempre por perto, ajudando no que é preciso”. 
Família Physioclem e pacientes
“O grupo de profissionais que forma a Physioclem é de excelência. São pessoas em quem posso delegar, porque há uma base de confiança sólida. Isto torna tudo mais fácil”. 
A Physioclem é um sonho tornado real, que cresceu para Leiria, Calda da Rainha, Torres Vedras e, por último, Ourém, além da sua primeira “casa” em Alcobaça.. É um projeto que tem “crescido imenso”, porque as “pessoas que o abraçam ajudam todos os dias”.
Se inicialmente, o objetivo era crescer para diferentes lugares do país, hoje Marco Clemente percebe que teria de deixar de ser fisioterapeuta para ser gestor. “Não é de todo a minha vontade. Quero passar o meu tempo a tratar. Se crescer é no sentido de cuidar de mais pessoas, dando continuidade ao trabalho que desenvolvemos e ter mais pessoas envolvidas no projeto, é isso que quero, não com o objetivo de ter mais lucro. Gostava muito de ter uma equipa de investigação”.
O avô dizia-lhe para tirar um curso, ir para a tropa e tirar por lá o doutoramento. “Mas eu não sou nada assim. Preciso de estudar. Tenho sede de conhecimento e partilhar e de aprender com os outros. Só assim faz sentido”.
O facto de ouvir e tratar pessoas levou-o a pensar mais sobre a vida. “Com isto cresceu o meu lado mais espiritual. A ciência e a espiritualidade não têm de estar separadas. O que não se sabe hoje, amanhã poderá ser provado. A ciência não pode negar o que ainda está por descobrir”. 


A história só fica completa quando juntamos as suas quatro pessoas pequeninas. Testemunhos de amor, de cumplicidade...










Diana
O amor não são as coisas grandes. 
São as milhares de coisas pequenas.
Para ti pai, um abraço de uma das tuas coisas pequenas. 


Maria João
Vejo muitas estrelas no céu, todas muito brilhantes, 
mas a melhor e mais brilhante está dentro de nós, do nosso coração. 
E tu que amas tudo o que te rodeia, brilhas mais do que ninguém. 


Marco Clemente ensina-nos a respirar fundo, a reflectir e a acreditar que o melhor dia para começar é sempre hoje. 


Luci Pais


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